Para esses indivíduos, a adoção representa uma chance de viver em família
Agora que já sabemos como funciona o processo de adoção no Brasil, é hora de descobrir os motivos pelos quais as pessoas devem adotar uma criança ou um adolescente. Para esses indivíduos, o gesto de acolhimento representa, além de uma chance de viver em família, uma oportunidade de desviar de um caminho ladeado mais por pedras do que por flores.
Por meio da adoção, pode-se formar uma família
Você provavelmente deve estar ciente do fato de que muitas pessoas que não podem gerar filhos biológicos recorrem à adoção. Ao adotar uma criança ou um adolescente, vários casais sentem um tipo de felicidade que, como eles mesmos afirmam, não costuma caber no peito. Acontece que a formação de uma família também tende a despertar o entusiasmo e a alegria do adotado, que, acolhido dentro de um núcleo mais íntimo, passa a viver uma série de experiências inéditas e construtivas.
Pode-se dizer que o gesto da adoção é uma via de mão dupla, já que contempla os desejos tanto dos adotantes como das crianças ou dos adolescentes que são adotadas. Trata-se de uma atitude que, além de linda, consegue transformar a vida de muita gente!
Por meio da adoção, pode-se exercitar a resiliência
Não são apenas os desafios burocráticos que cercam o processo de adoção de uma criança ou de um adolescente. Às vezes, o início da convivência familiar é marcado por diferenças que alteram negativamente o estado de ânimo de adotantes e adotados.
De um lado da balança, podemos ter, por exemplo, uma mãe que discorda do modo como o filho organiza sua rotina diária. Do outro, é possível que exista alguém chateado com as cobranças que estão lhe sendo feitas.
Nem precisaríamos ressaltar que a decisão de adotar uma criança ou um adolescente deve ser sempre muito bem pensada, não é? Estabelecer laços emocionais com alguém que não se conhece, certamente, não é uma das tarefas mais fáceis do mundo. Mas, se pais e filhos souberem dialogar pacientemente uns com os outros, a convivência entre eles tende a melhorar gradativamente. Não é à toa que dizem que a conversa é a chave para o sucesso de qualquer relacionamento!
“O maior benefício da adoção é ver uma família sendo formada pelo amor incondicional”
Acabamos de listar motivos pelos quais as pessoas geralmente resolvem adotar uma criança ou um adolescente. Em teoria, falar a respeito dos benefícios da adoção pode parecer abstrato, mas a história que vamos te contar nos próximos parágrafos certamente irá lhe oferecer um entendimento mais prático sobre a magnitude do gesto.
Desde a época em que namoravam, a psicóloga Andrielli Prussak Alves e seu companheiro, Jonatas Alves da Silva, residentes na cidade de Curitiba, já pensavam na possibilidade de terem filhos (biológicos ou não). “Quando era adolescente, conheci uma família formada por meio da adoção. Posso dizer que esse foi o meu chamado, o motivo pelo qual sempre desejei adotar uma criança”, comenta ela.
Depois de casados e totalmente cientes da escolha que transformaria suas vidas, Andrielli e o marido participaram do curso de habilitação à adoção, que os preparou para o processo que enfrentariam até obterem a guarda definitiva de seus dois filhos. “Fomos estimulados a compartilhar nossa decisão com familiares e amigos próximos. Adotar uma criança ou um adolescente não é algo que ocorre de maneira rápida e, para nós, essa espera foi um verdadeiro desafio. Sempre acreditamos, entretanto, que há um tempo determinado para todas as coisas, como menciona o sábio Salomão no livro de Eclesiastes. Hoje, temos certeza de que adotamos nossos meninos no momento certo”, explica a psicóloga.
Exatamente no mesmo dia em que Andrielli e o marido encontraram com os filhos pela primeira vez na instituição de acolhimento onde até então os garotos viviam, a mãe da psicóloga foi buscar o resultado de uma biópsia e descobriu que estava com câncer de mama. “Minha mãe, que conseguiu se curar, sempre enfatiza que a chegada dos netos a ajudou muito em seu processo de restabelecimento, que as crianças foram seus melhores terapeutas”, pontua.
MPAS* e KPAS* tinham 3 e 4 anos, respectivamente, quando foram adotados. Andrielli relembra com alegria da recepção que os filhos tiveram no momento em que puseram os pés no novo lar. “Conseguimos desenvolver uma rotina própria dentro de casa. Eu tirei licença maternidade e meu marido pediu férias do trabalho justamente porque queríamos acompanhar os meninos de perto. O resultado foi tão positivo que a Vara da Infância e Juventude nos concedeu a guarda das crianças em menos de 70 dias [o órgão tem um prazo de até três meses para liberar a concessão]. Vimos que o período de adaptação foi melhor do que esperávamos!”, comemora.
Para Andrielli, “o maior benefício da adoção é ver uma família sendo formada pelo amor incondicional”. A psicóloga também destaca que “adotar não é fazer caridade, barganhar com Deus ou praticar um ato de coragem”. Na opinião dela, a romantização do gesto pode frustrar as expectativas de adotantes e adotados.
Já passaram-se 10 anos desde a adoção de MPAS e KPAS. As crianças que, outrora, precisavam da ajuda de Andrielli e Jonatas para, por exemplo, pentear o cabelo, amarrar os tênis e fazer a lição de casa, tornaram-se adolescentes independentes. Apesar de prezarem pela autonomia típica da idade em que estão hoje, os meninos certamente apreciam o fato de que a família que os acolheu sempre estará disposta para, em caso de necessidade, pegá-los no colo novamente.
MPAS e KPAS*: abreviaturas dos nomes das crianças adotadas pela família Prussak Alves.
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Por: Lais Pontin Matos