Indivíduos que sofrem com o transtorno podem apresentar sintomas como tristeza, apatia, falta de apetite, irritabilidade ou crises de choro injustificadas
Desde 2015, o Brasil promove a campanha Setembro Amarelo, voltada à prevenção do suicídio. Muitas pessoas que tentam tirar a própria vida sofrem de depressão, distúrbio mental que tem como principal sintoma a tristeza profunda persistente. Em crianças e adolescentes, o transtorno pode ser motivado por gatilhos específicos e se manifestar por meio de uma série de sinais que vamos apresentar no decorrer do post de hoje. Fique ligado!
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Sinais e gatilhos de depressão em crianças e adolescentes
De acordo com Angélica Mocelin, psicóloga que atua na Fundação Iniciativa, crianças e adolescentes que sofrem de depressão apresentam sinais que podem ser facilmente identificados por familiares ou amigos próximos. “Os indivíduos ficam tristes, apáticos, agressivos, irritados. Perdem o apetite e a vontade de brincar, querem dormir demais ou de menos e têm crises de choro injustificadas”, explica.
A psicóloga relata que fatores como o bullying, os abusos psicológicos, a violência física, a falta de atenção e compreensão da família e o abandono podem desencadear depressão em crianças e adolescentes. “Não há como prever, entretanto, se determinado gatilho irá ou não contribuir para que o indivíduo desenvolva o transtorno. Trata-se de um cenário realmente complexo, que abrange inúmeras probabilidades”, esclarece.
Por exemplo: Angélica conta que até mesmo questões orgânicas são capazes de determinar a ocorrência do distúrbio. “Precisamos entender que a depressão possui, também, caráter biológico. Isso quer dizer que, dependendo das substâncias que um indivíduo tiver em seu corpo, ele poderá desenvolver a doença muito mais facilmente”, declara, enfatizando que a química cerebral de cada pessoa é única.
A psicóloga diz que os quadros de depressão são sempre muito particulares. “Sabemos que existem diferenças entre os seres humanos, que eles reagem cada qual à sua maneira diante de situações e acontecimentos. Em um contexto geral, o importante mesmo é nunca deixar de prestar suporte a quem precisa”, destaca.
Ideação suicida em crianças e adolescentes
A psicóloga ressalta que, em alguns casos, a depressão pode vir acompanhada de ideação suicida. “Crianças e adolescentes recorrem à automutilação e começam a cortar o próprio corpo em uma tentativa de colocar a dor emocional que estão sentindo para fora, em algo concreto. Às vezes, os indivíduos verbalizam o desejo de se machucar. Alguns acabam se retraindo, se isolando sem dar explicações a ninguém”, comenta.
Angélica frisa a importância de se ter em mente que o distúrbio nem sempre leva seus portadores ao suicídio. “Vale salientar que não são todas as pessoas que sofrem com o transtorno que vão cogitar a possibilidade extrema de tirar a própria vida. A ideia de morrer pode surgir de várias formas e ser motivada por uma diversidade de fatores”, esclarece. Cabe acrescentar, no entanto, que mesmo as crianças e os adolescentes que possuem um quadro leve ou moderado de depressão necessitam de acompanhamento especializado para terem sua saúde mental restabelecida.
Como ajudar crianças e adolescentes que sofrem de depressão?
Angélica pontua que, uma vez identificada a depressão em crianças e adolescentes, deve-se adotar o protocolo da rede de proteção. Ele consiste no encaminhamento dos indivíduos a uma unidade de saúde para atendimento com psicólogo ou psiquiatra (nos casos em que há ideação suicida). “O suicídio é considerado um problema gravíssimo de saúde mental e precisa ser resolvido (às vezes com auxílio medicamentoso) o quanto antes”, alerta a psicóloga.
A psicoterapia também é uma ferramenta poderosa que pode ajudar crianças e adolescentes que sofrem de depressão. “Conversando com o indivíduo, é possível identificar (e, posteriormente, solucionar) as demandas que o levaram ao distúrbio”, finaliza Angélica. Sabe-se que um acompanhamento especializado, somado ao suporte afetivo prestado por familiares e amigos, é plenamente capaz de devolver o sorriso ao rosto de alguém que foi acometido pelo transtorno mental mais comum do século*.
*De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
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Por: Lais Pontin Matos