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Crianças leitoras, adultos criativos: o impacto da leitura na infância
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Incentivo à leitura desde a infância pode transformar desenvolvimento de crianças e adolescentes


Para crianças e adolescentes, o hábito da leitura pode ser um passaporte para um mundo de imaginação, criatividade e empatia. Para isso, é necessário cultivá-lo  desde o início, no período da alfabetização é necessário. 

Segundo a pedagoga Kesia Coelho, o hábito da leitura contribui para o desenvolvimento da criatividade, enriquece o vocabulário e torna a compreensão textual mais fluida. Além disso, auxilia na escrita, aprimora a comunicação, amplia o conhecimento e fortalece o senso crítico, aspectos que também refletem positivamente na vida profissional.

O contar histórias na infância 

Quando se fala em leitura na infância, não basta apenas incentivar a criança a ler — ouvir histórias também desempenha um papel essencial. Segundo o estudo Leitura infantil: O valor da leitura para a formação de futuros leitores, o hábito da leitura está diretamente ligado ao despertar nas crianças o prazer em ler, e a contação de histórias contribui para esse processo.

Ao apresentar aos pequenos narrativas envolventes, como contos de fadas, estimulamos sua imaginação e criatividade, transportando-as para mundos novos e totalmente fascinantes. Esse contato com diferentes histórias não só fortalece o desenvolvimento da criatividade, mas também desperta o desejo de ler por conta própria. 

Em entrevista à Revista Crescer, a arte-educadora Mafuane Oliveira, relata que, quando um adulto narra uma história, ele se torna um modelo de oralidade e expressão para a criança, ajudando-a a exercitar a escuta ativa e a criar mentalmente as cenas da narrativa. Diferente de conteúdos audiovisuais, que apresentam histórias prontas e fechadas, a contação estimula a criatividade ao permitir que a criança imagine e construa os detalhes da história em sua própria mente.

E não é só isso: a contação favorece a construção da autoconfiança, tanto para quem escuta quanto para quem conta, já que o narrador descobre sua própria forma de dar vida à história e, ao fazer isso, transmite novas perspectivas e contato com diferentes realidades. Como destaca a psicopedagoga da Fundação, Patricia Oliveira, ao oferecer atividades de leitura que envolvem a criança de forma lúdica e interativa, como histórias contadas por profissionais ou até mesmo dramatizações, conseguimos criar um ambiente mais receptivo para que se sintam à vontade e conectadas com a leitura.

Leitura, criatividade e desenvolvimento 

Patrícia explica que a leitura vai muito além de juntar letras e formar palavras. Ela tem um impacto direto no desenvolvimento das crianças, tanto intelectual quanto emocionalmente. Segundo a psicopedagoga, ler amplia o vocabulário, melhora a compreensão oral e escrita e fortalece a capacidade de concentração e foco. Além disso, contribui para o pensamento crítico e ajuda as crianças a enxergarem o mundo por diferentes perspectivas, estimulando a empatia.

O hábito da leitura também estimula a criatividade. Ao se envolver com uma história, a criança não apenas acompanha os acontecimentos, mas cria imagens na cabeça, imagina vozes para os personagens e até preenche lacunas da narrativa com sua própria interpretação. Isso ativa o cérebro de um jeito único, ajudando no desenvolvimento da imaginação e da capacidade de resolver problemas de forma criativa. A profissional destaca que é comum que leitores criem vínculos com os personagens e sintam que fazem parte daquela história, o que torna a experiência ainda mais marcante e fortalece a imaginação. 

Crianças que leem se sentem mais confiantes em suas habilidades. O processo de aprender a decifrar palavras e entender histórias gera um sentimento de conquista, algo essencial para o desenvolvimento da autonomia e do prazer pelo conhecimento.

Iniciativas que importam 

Apesar de todos esses benefícios, nem sempre incentivar a leitura é uma tarefa simples. Algumas crianças, especialmente aquelas acolhidas em instituições, podem ter dificuldades na alfabetização ou na concentração devido a experiências anteriores de negligência e evasão escolar. A introdução dos livros precisa ser feita de forma cuidadosa, respeitando o ritmo e os interesses de cada uma.

Na Fundação Iniciativa, algumas estratégias ajudam a tornar a leitura um hábito mais acessível. As casas-lares contam com brinquedotecas que têm espaços exclusivos para livros. Além disso, há visitas frequentes à Casa de Leitura Vladimir Kozák, onde acontecem contações de histórias e leituras interativas. Também são realizadas oficinas de arte que incluem a leitura como parte do processo criativo, tornando o contato com os livros algo natural e envolvente.

O impacto dessas iniciativas aparece no dia a dia. Às vezes, não vem em forma de palavras, mas na forma como as crianças se comunicam melhor ou se mostram mais interessadas em aprender. Além de melhorar o desempenho escolar, o hábito da leitura traz um efeito muito mais profundo.

“Ela tem proporcionado não apenas desenvolvimento intelectual, mas também uma melhora no bem-estar emocional das crianças e adolescentes acolhidos”  

Patrícia Oliveira, psicopedagoga
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