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Aprenda a identificar sinais de abuso sexual em crianças e adolescentes
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Indivíduos que sofrem abuso podem apresentar mudanças nos hábitos alimentares e de higiene e tendência ao isolamento 

Um balanço realizado pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) em 2022, trouxe à tona uma realidade alarmante: estima-se que, a cada hora, 4 crianças e adolescentes sofram algum tipo de abuso ou violência sexual no Brasil. Os dados levantados assustam e, justamente devido ao choque que causam, podem servir como alerta e tirar a população da inércia, fazendo com que aprendam a identificar os vários sinais que meninos e meninas dão quando estão em condições desfavoráveis.

De acordo com Angélica Mocelin, psicóloga que atua na Fundação Iniciativa, o comportamento de crianças e adolescentes que apresentam indícios de estarem sofrendo abusos sexuais costuma mudar de maneira drástica. “Pessoas próximas às vítimas percebem que, de repente, elas ficam retraídas, agressivas, irritadas, chorosas e/ou mais agitadas, param de se alimentar normalmente e começam a sentir medos que antes não sentiam”, explica. 

Crianças sexualmente abusadas tendem a adotar comportamentos de regressão e infantilização. Angélica comenta que a vítima pode passar a imitar gestos de indivíduos ainda mais novos do que ela, como dormir com a luz do quarto acesa ou até mesmo insistir para dividir a cama com a mãe. “Não é atípico que também sofram com enurese noturna (xixi na cama) e descontrole dos esfíncteres (incontinência fecal)”, acrescenta. 

Talvez um dos sinais mais significativos que uma criança ou um adolescente emite quando está sofrendo abuso sexual seja o de tentar se afastar da pessoa que vem lhe causando danos físicos e emocionais. “É importante esclarecer, entretanto, que, às vezes, o contrário também acontece. O abusador pode subornar a vítima com doces, dinheiro ou brinquedos com o objetivo de conquistar sua simpatia. Devemos observar se, especialmente os pequenos, chegam dizendo que receberam presentes do tipo de algum adulto”, alerta a psicóloga. 

Quando os abusos já ocorrem há muito tempo, Angélica revela que é comum as crianças e os adolescentes começarem a descuidar da própria higiene pessoal. “O indivíduo ameaçado por seu abusador entende que, se não estiver limpo, poderá talvez inibí-lo”, afirma. Há de se concordar que esta é uma solução que nunca deveria ser encontrada por ninguém. 

Fonte: Divulgação/Campanha Maio Laranja

Há luz no final do túnel 

O psicólogo é um dos profissionais aptos a ajudar crianças e adolescentes que sofreram abusos sexuais a redescobrir a alegria de viver. Angélica diz que muitas vítimas lidam com sentimentos de vergonha e até mesmo de culpa. “Nesse sentido, o primeiro passo é fazer com que elas compreendam que são completamente inocentes”, esclarece. 

Depois, por meio da psicoterapia, pode-se começar a trabalhar os traumas causados pelos abusos com a identificação dos mecanismos de defesa utilizados pela criança ou pelo adolescente. “Atuamos para que o indivíduo consiga enfrentar e ressignificar o problema. Acolhemos suas dores emocionais, estimulamos o perdão, o autoperdão e o autoconhecimento e oferecemos todo o suporte emocional que for necessário”, finaliza a psicóloga, confirmando a máxima de que, no final de qualquer túnel gélido e sombrio, há sempre uma luz esperando para ser acesa.

SINAIS DE ABUSO SEXUAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: 

Mudanças de humor/ comportamento (agitação, agressividade, tendência ao isolamento, crises de choro); 

Mudanças nos hábitos alimentares e de higiene; 

Adoção de comportamentos de regressão e infantilização; 

Tentar se afastar do possível abusador.

NÃO SE CALE: disque 100 para denunciar violações de direitos de crianças e adolescentes.

Por: Lais Pontin Matos

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